Déficit cognitivo: uma reflexão
postado em: 13 de outubro de 2020
postado por: Psicóloga Juliana Vieira
No mês de agosto de 2020, o Brazilian Times publicou uma notícia sobre uma criança de 10 anos, que ficou uma hora presa em uma delegacia do estado da Florida após ter uma crise de agressividade, a mesma criança possui DI (Déficit de Inteligência) e no dia o ocorrido a professora que chamou a polícia para retirar o garoto da sala de aula era substituta e alegou não saber da condição da criança.
A definição de DI da American Association on Mental Retardation (AMMR) é feita a partir de uma visão multidimensional, não buscando apenas classificar sintomas; segundo eles, caracteriza-se por uma incapacidade intelectual que se estende aos comportamentos de adaptação e abrange as habilidades conceituais, sociais e práticas. Seu diagnóstico deve-se ser feito o mais cedo possível para minimizar os danos a criança (BRIDI; BAPTISTA, 2014).
Quanto as causas que levam ao DI, na maioria das vezes não se consegue identificar a etiologia, pois a avaliação foi feito muito tarde, mas através de pesquisas feita por Shevell (2008), foi identificado como desencadeador da doença outras patologias e fatores biológicos e sociais que se desenvolveram ao longo da gestação e pós-gestação como: síndromes genéticas, anomalias cromossômicas, asfixia intraparto, severa privação psicossocial e exposição pré-natal a agentes tóxicos.
O DSM-5, CID-10 e o AMMR apresentam definições e formas de realizar diagnóstico um pouco diferente um do outro, pois cada um foca em aspectos diferentes, mas em suma, o diagnóstico é realizado mediante análise de QI através dos testes desenvolvidos por Binet no início do século XX. Através do teste de Binet, é possível definir o DI em 3 estágios: leve (QI de 50 a 70), moderada (QI de 35 a 50) severa (QI de 20 a 35) e profunda ( QI abaixo de 25) (SCHWARTZMAN;LEDERMAN, 2017)
A partir do diagnóstico é possível pensar nas intervenções sendo elas únicas para cada criança e realizada através de um trabalho multidisciplinar, pois é preciso focar em todas as áreas afetadas (social, linguagem, prática). Beirne-Smith et al. (1998) trazem está discussão para a notícia do Brazilian Times ao abordarem sobre a inserção das crianças com DI nas instituições de ensino. Os autores afirmam que deve ser oferecido suporte a criança e opções de instituições de ensino como: escola regular, escola regular com suporte, escola regular com sala de recursos, pois os processos de aprendizagem são diferentes. Entra aqui em questão a ideia de inclusão dos alunos com necessidades especiais em turma regulares, para assim evitar estes incidentes. A educação especial veio para auxiliar no desenvolvimento das crianças, oferecendo metodologias e ambientes propícios para o desenvolvimento cognitivo e físico das crianças, querer incluir as crianças em ambientes regulares para evitar preconceito acabará com o sistema de educação especial e pode não acrescentar no ensino das crianças em questão.
Referências:
BRIDI, F.R.S. ; BAPTISTA, C.R. (2014).Deficiência mental: o que dizem os manuais diagnósticos? . Revista Educação Especial , 27 (49), 499-512.
CIDADE na Flórida é processada por prisão decriança com deficiência (2020). Jornal eletrônico. Recuperado em:https://www.braziliantimes.com/comunidade-brasileira/2020/08/13/cidade-na-florida-e-processada-por-prisao-de-crianca-com-deficiencia.html.Acesso em: 15 set. 2020.
SchwartzmanJ. S., Lederman, V. R. G. (2017). Deficiência intelectual: causas e importância do diagnóstico e intervenção precoces. Inclusão Social, 10(2). Recuperado de http://revista.ibict.br/inclusao/article/view/4028
**Artigo construído na disciplina de Psicopatologia Infantojuvenil- UNIVALI
Alunos:
ALISSON DOS SANTOS
BIANCA NAIARA REGIS BONA
GABRIELLY GRIPA
MARIA JULIA CÓRDOVA PLATT
Orientação: Juliana Vieira A. Silva