ibtcc960conheca-meus-livros-publicados-juliana-vieiraconheca-meus-livros-publicados2realidade-virtual-no-tratamento-de-fobia-social-psicologa-juliana-vieira-itajaipsicologia-itajai-terapia-secao-unicaPsicologia Itajai – Psicoterapia Cognitivo ComportamentalPsicologia Itajai – Psicóloga Juliana Vieira

PSICOLOGIA ITAJAÍ

Os Pequenos Gigantes

postado em: 15 de outubro de 2019

postado por: Psicóloga Juliana Vieira

A Terapia de Esquemas vem nos presenteado nos últimos anos, com enriquecedores estudos e aprimoramentos que vem contribuindo de forma brilhante a nossa prática enquanto profissionais da área da Psicologia clínica. Ela vem cada vez mais descortinando-se como uma grande aliada ao tratamento de indivíduos com transtornos de personalidade, depressão, ansiedade, bem como, tem demonstrado grandes resultado como terapia para casais, crianças e adolescentes. A proposta do presente texto será ousar, tentar fazer uma conversa entre esta tão bela ciência e um esporte automobilístico em particular, o kartismo reconhecido em 2018 como esporte olímpico.
A Terapia do Esquema acredita que as pessoas têm necessidades emocionais básicas, sendo que na infância e/ou adolescência ao passarem por situações traumáticas, no qual tais necessidades não foram satisfeitas adequadamente, mais seu temperamento, colaboraria para o desenvolvimento de esquemas iniciais desadaptativos (EIDs). Os EIDs são padrões emocionais e cognitivos, compostos por crenças profundamente enraizadas sobre si mesmo e do mundo, memórias, sensações corporais e experiências emocionais. Eles possuem componentes cognitivos, emocionais, interpessoais e comportamentais e diferentes níveis, sendo ativados quando a pessoa inconscientemente identifica semelhanças entre a situação que está passando com experiências traumáticas que vivenciou na sua infância e que foram, assim internalizadas, como responsáveis pela origem de seus esquemas.
Além dos esquemas, podemos citar os modos esquemáticos, que são estados emocionais e respostas de enfrentamento que a pessoa vivencia e geralmente, são ativados por situações na qual a pessoa se sente vulnerável. Pensar em modo, é pensar em um agrupamento de esquemas e seus estilos de enfrentamento (fuga, paralização e luta).

Venho acompanhando há alguns anos este esporte, mais especificamente crianças e seus pais, e confesso não ter como não visualizar esquemas e modos esquemáticos dentro deste circuito fechado, por onde desfilam em box fechados ou nas pistas, os mais variados tipos de armaduras prontas para entrar em cena.

“Ninguém nasce com um volante ou um câmbio em suas mãos. É algo que você escolhe fazer ou não”. (Frase atribuída a Mario Andretti). Mas será que essas crianças escolheram isso, que com a armadura de um piloto personificam-se no desejo e realizações de seus pais? Ou será que através deste esporte que tanto adrenalina dispara, acabam por incorporá-lo em sua vida como meta e por muitas vezes sofrem de efeitos colaterais quando ficam longe das pistas? Nesta singela busca, percebeu-se que ambas as alternativas podem ser consideradas positivas, o que as difere é o modo e a forma como cada um lhes confere seu real significado. Esses pequenos gigantes se deparam a cada instante com frustrações, derrotas e imprevistos, por mais treinos que realizem, o que lhes confere uma capacidade implacável de ressignificar e apresentar resiliência, permitem-se sofrer perante o momento frustrante, mas partem para a próxima corrida com a mesma vontade de competir e dar o seu melhor.
Porém, com seus progenitores, a situação não é a mesma, abandono, abuso, subjugação, grandiosidade, autossacrifício, padrões inflexíveis, para citar alguns esquemas que explodem e os dominam como uma “possessão”, sendo essas emoções que emanam refletirem os modos de comportarem-se apresentando-se como uma criança zangada, impulsiva ou vulnerável, ou por vezes, hipercompensam, necessitando naquele momento, de uma intervenção específica.
Notoriamente, percebe-se a quantidade de sofrimento envolvida, as cobranças, abusos sofridos, desproteção e faltas adquiridas no decorrer de suas vidas. E para lidar com tudo isso, agora usam uma nova roupagem, que tentam destinar a seus “protegidos” a fonte de suas realizações.
Participar de um esporte, por maior margem de segurança que existe, é vivenciar a vulnerabilidade, e quando isso é trabalhado de forma a reduzir aspectos ansiogênicos mais patológicos, o resultado é lindo e citando VENÂNCIO, R. : “O passo do Universo é a imaginação, é a vida, é a trama que criamos para aceitarmos o que somos. Tirando milésimos de segundo com pequenas decisões.” Para obter esse êxito, a tal vulnerabilidade pode ser aliada, pertenciva e usada a favor para saber que há adversidades, que uma pista é diferente de outra, e que uma simples temperatura altera calibragens que resultará em diferentes resultados.
Aqui neste texto a escolha fora pelo automobilismo, porém entende-se que por vezes o criticismo, a vulnerabilidade, o autossacrifício, e outros afins, sejam ingredientes integrativos na maioria dos esportes por tratar-se de pessoas buscando conquistas, que requerem disciplina e treino para chegarem aos seus objetivos. Isso nos mostra que se usarmos esses recursos de forma favorável encontraremos aliados e para tanto salienta-se a importância do auto-conhecimento.
Estudos podem ser realizados nessa área, pois há escassez de material e o impacto que a saúde mental exerce sobre as pessoas, de longe é conhecido. Um aprofundamento nesta área, utilizando-se da terapia de esquemas como uma ferramenta de trabalho, faz-nos crer e muito em sua contribuição para o melhor desempenho e desenvolvimento dessas crianças; o que refletirá também em seus pais, porque a psicoeducação desta psicoterapia descortinará em auto-conhecimento e desta forma, quem sabe, poderemos entender que certas crenças se bem administradas, poderão ser favoráveis em situações onde os segundos fazem a diferença.

Nota: Ressalta-se que para compor o presente texto não fora feito intervenção alguma para coleta de dados ou materiais a fins com indivíduos, fora realizado apenas observações indiretas que levaram a autora à vontade de tentar fazer a relação desta terapia com momentos de estresse experienciados em semanas mais demandantes, pelo viés esportivo.

Texto elaborado pela Psicóloga Fábia Susanne Farina, psicóloga clínica, especialista em neuropsicologia cognitiva ,com formação em terapia de esquemas e aperfeiçoamento nas terapias de terceira onda e treinamento avançado em terapia de esquemas com adolescentes e pais; como colaboração da psicóloga administradora deste site.

Com algumas sugestões carinhosas da psicóloga Juliana Vieira. A. Silva


Psicóloga Juliana Vieira

Psicóloga Juliana Vieira Juliana Vieira Almeida Silva é psicóloga formada pela Universidade do Vale do Itajaí desde 2001 e possui formação em Terapia Cognitiva-Comportamental. Doutora em Psicologia (UFSC) atua nas seguintes áreas: Psicoterapia Individual e Psicoterapia de Grupo, Psicoterapia Familiar e de Casal, Orientação Profissional, Aconselhamento, Diagnóstico para crianças, adolescentes e adultos. Tem vários artigos publicados na área da Psicologia e Administração. Além de Psicóloga Clínica, realiza atividades na área da Psicologia Organizacional: consultoria (Recrutamento e Seleção; Treinamento e Desenvolvimento, Plano de Cargos e Salários, entre outros) e palestras. Atualmente é docente em Cursos de Psicologia e Administração, bem como em pós-graduações.


COMPARTILHE COM SEUS AMIGOS!